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Segunda-feira, 18 de Fevereiro de 2019

INSATISFAÇÃO

INSATISFAÇÃO

E era tudo tão belo, por fim a beleza do sonho maior de rapariga. O dia do seu casamento. A família. Grande. Ainda unida por imenso sangue. A morte longe. Até os avós contavam na enumeração. Um dia pleno de expectativa. A Felicidade. A alegria no olhar do pai. Esta já está. Com marido a precaver a vida, os acidentes da vida. O amparo para o presente e futuro. E velhice. A mãe, até que enfim, casada. A mãe sempre a temer a rebeldia daquela filha. Não amo, mãezinha, não o amo mais. A mãe a ter a certeza, desagradada, a concluir da insatisfação sentimental da filha, da insatisfação no amor.

Nunca serás feliz, a mãe a vislumbrar o seu próprio casamento, a sua união desamparada desfeita pelos muitos amores, pela insatisfação do pai. A culpa não é minha. O pai a dizer muito depois à filha também desamparada pela sua própria insatisfação.

Não o amo mais. Lês muitos livros, o marido também desamparado pela incompreensão, ela lia, lia, a leitura no banco dos réus. Culpada. Ela pela noite a buscar a luz nas páginas do livro. A luz longe. Longe do seu casamento. Ela a levantar-se do leito comum a procurar outra luz. A claridade da alegria, não plena, mas alguma. O frio da noite a gelar as lágrimas. Chorava. Tanta vez pelas noites. E sofria. Descontentada. Não amava. O amor dela não o sabia amar. Não lobrigava mais o amor primeiro com que o amara. Um dia.

Nunca te esqueci. A voz tanta vez evocada pelas noites frias. Em que buscava a luz. Procurava o antigo amor. Sempre insatisfeita. E a memória a trazer na noite fria beijos, sorrisos, doçuras, desejos por cumprir. E as lágrimas a doerem bem fundo. No coração, no corpo. Porque preterira o seu amor pelo amor presente. Um amor que era passado.

Bernardete Costa

 

publicado por Bernardete Costa às 18:36

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