https://youtu.be/QLCDymoJD_0
DESLUMBRAMENTO
Eu vi uma flor entontecida de tanta luz doirada;
as árvores a desabotoarem-se em brotos verdes;
voava indiscreta uma borboleta, pareceu-me atordoada
e com ela o azul dum pássaro fundia-se
na imensidão dum outro azul;
eu vi o negro e o branco da andorinha em voo circular;
como criança surpreendi o ciúme do mar namorando a praia,
na pele um sopro de riso, uma esperança de vento sul ...
Contigo fruí a incerteza do tempo
e por entre os suspiros infantes da natureza
mergulhei no rubor do teu corpo. Primavera!
UMA OPINIÃO QUE CONSIDERO, MUITO:
Abençoado seja, cara amiga Bernardete, o seu «fascínio por esta terra que foi palco do (seu) nascer»!
É que a expressão desse seu fascínio chega até nós sob formas poéticas lindíssimas, que nos fascinam a nós. Neste DESLUMBRAMENTO em 11 versos revela-se uma vez mais o seu notável talento literário.
Parabéns, amiga. Leio sempre os seus escritos com um enorme prazer.
NOTA: Na nossa próxima aula, peço-lhe que não me deixe sair sem analisar, neste seu poema, pelo menos o último verso da 1ª estrofe («na pele um sopro de riso, uma esperança de vento sul...»). Nele se encontra uma das mais refinadas marcas do verso perfeito...
Qual será?... Deixo-a a pensar no assunto e deixo-lhe também um beijinho.
Luísa Lamela