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Sábado, 6 de Agosto de 2011

HISTÓRIA DEVIDA - para o Paulo, no seu casamento

 

As névoas de Fevereiro pronunciavam a dor.

Não era de aço meu ventre; inquiri o cansaço dos meses.

Não seria março o tempo do teu nascer?

Mas a ferida do meu ser celebrava a vida na

persistência do sofrimento.

A data inscrevia-se no calendário, dia treze;

                    irias contrariar tal evento?                                  

 

Celebrei o dia com lírios e rosas, e do olor

dispersei a dúvida.

Olhei o vértice duma estrela e recebi-te no regaço nu

na primavera antecipada.

Sabes, uma criança é o tumulto na alegria, um livro,

uma árvore, um destino de mulher.

 

                   Depois…o depois

                                                     eu quero esquecer.

 

Somente sei que te entreguei ao presente

numa luta desigual em que o sol

se desfazia aos pedaços na ânsia a doer

nos meus inábeis braços, um drama de ventos a florescer

nos lábios apertados, penso mesmo

                   que desaprendi de sorrir…

 

Porém, com a perícia do marinheiro a içar a vela

olhei o longe; e logo uma janela a abrir,

o apelo de asas na tempestade,

uma urgência maior a acolher-te no coração

de mãe; no sentir da alegria

                 invadindo nuvens, negando fantasmas… 

 

Nem toda a água lavará a incerteza, mas cresceste;

nunca acreditaste no agoiro da coruja,

sempre ergueste teu olhar às asas das aves,

ao driblar duma bola no verde…

Tanta chuva desabou nos invernos, tanto sol

               se despenhou das arribas no teu trajecto …

 

Hoje, teus olhos são os olhos da tua filha,

o seu sorriso é o reflexo do teu;

hoje, ao teu lado outra mulher detém o teu afecto,

a doçura dos seus beijos a tocar o céu.

Hoje, tomo no meu regaço o fruto da semente,

colho na palma da mão

             a doçura da tua essência;

 

Venha música, manjares, vinho,

celebre-se a raiz enternecida da vida.

Tu foste nascido para a ternura das mãos estendidas; sê feliz

porque eu sou feliz. Não viveremos sempre, mas em ti,

uma tela colorida de lágrimas e sorrisos e suspiros

            escreverá a história desta memória.…

 

nestes versos, nesta poesia.

Mas, essencialmente, meu filho, é preciso viver

o dia que passa

                              e não ficar mal na fotografia.

 

 

Tua mãe  (Agosto 2011)

.

publicado por Bernardete Costa às 10:07

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