https://youtu.be/QLCDymoJD_0
Tuas mãos anseiam meu corpo e
indagam o delírio dos beijos
num jogo de evocações; vão
pela volúpia dos desejos e não há montes e vales
que tuas mãos olvidem
na suavidade dos pássaros; vão pela busca
das veias possuídas pela liberdade
de voos e demónios no ardor do inferno
e soltam a amarra desta nave
encalhada num cais de inverno
tuas mãos içam mastros
na luxúria líquida duma concha de sal
e os anjos no aroma do sexo
entoam hinos que na apoteose final
celebram o fulgor dos astros perante a nudez
emudecida pelo silêncio da ausência.
tuas mãos são asas de amor
fruindo a explosão que na urgência
liberta o prazer que em gorjeios de ave
em rios de espanto se inunda.
Na aurora lilás do dia, o labor das mãos
ama na dor a anunciação da primavera
que em meu corpo
aprisionada se interroga.
Bernardete Costa